Nosso.

Há nele algo que me faz sentir que ali, ao seu lado, é meu lugar.

Quem sabe sejam os olhos que, combinados com os lábios, sorriem encantadoramente ao ouvir meia dúzia de bobagens ditas por mim.
Podem ser também os modos, um verdadeiro gentleman nesses tempos modernos.
Ou ainda o toque, que ao mesmo tempo em que estremece, me aconchega e faz sentir aquele soninho de sábado à tarde, em plena quarta-feira.

Na verdade, creio que seja mais que isso. Uma combinação de olhares, modos, sorrisos, toques, planos futuros, músicas cantadas ao pé do ouvido, abraços, dedicação, pipoca e beijinho de coco, pepsi de bolhas, cafuné no ônibus, revezamento de cochilo durante a aula, mãos quentinhas e pés ainda mais.

- Uma infinidade de detalhes que são dele, que são meus, que são nossos.

Sem caber o dia frio.

Um monte de mimos e várias bobagens que trazem o sorriso tímido mais gostoso que eu já vi.
Suficiente para eu pedir que não fique longe de mim.

(:

#DreamingOfLove

É uma daquelas garotas fascinadas por olhares e gestos, gosta de ler as entrelinhas. Estava sentada no terceiro degrau da escadaria, observando o alvoroço causado pela festa que aconteceria aquela noite, fato que não a empolgava muito. Preferia seu sofá, muitos travasseiros e bom um livro.

Eis que uma mão toca seu ombro, aquele garoto que ela conhece não-sabe-de-onde a fita com olhos ansiosos e decididos:

- Aceita ser meu par essa noite?

Ela sorri, encantada com os modos - e os olhos - do rapaz a quem nunca dera grande atenção e assente com a cabeça, as palavras lhe escapavam.

O garoto devolve o sorriso e afaga de leve seu rosto.

- Na sua porta, às nove. - ele diz antes de se virar e subir as escadas.

Foi um dia longo para Dorothy.

Às oito e meia ela está pronta - o vestido azul-marinho, com saia de tule até os joelhos e o cabelo num coque levemente bagunçado - quicando pela casa e indo espiar pela janela a cada dois minutos. "Ele sabe onde eu moro?". "Por que eu fiquei com aquela cara de idiota e não falei nada?". " Nem pedi o telefone dele".

Pontualmente às nove horas a campainha toca. Ela respira fundo duas vezes e olha seu reflexo no espelho, parando por alguns segundos nos olhos verdes e brilhantes de expectativa. Atravessa a sala, abre a porta e observa enquanto ele se vira: calça preta ajustada, camisa branca por fora e os cabelos perfeitamente desordenados. "Tão bonito...".

Ele tinha olhos com a mesma ansiedade da manhã - e mais contentes - parecendo fotografar cada detalhe daquele momento que idealizara logo na primeira vez que vira a garota de cabelos vermelhos, atravessando a rua em direção ao grupo de amigos em comum. Entrelaçou os dedos de suas mãos esquerdas e prendeu uma flor de babados vermelhos no pulso dela.

- Perfeita... - sussurrou.

Desceram os três degraus, partindo da varanda para a primeira das centenas de noites felizes que viriam a passar juntos.

#ST001

Ela gostava de compartilhar as coisas com aquele garoto. Ainda que ele não se importasse, ela podia fechar os olhos e fingir.

Se...

E se alguém, ao olhar fundo em seus olhos, derretesse o que resta de sólido em seu coração? E se um breve sorriso dela iluminasse todo o cômodo? E se sua mão quente aliviasse qualquer dor? E se ele te fizesse rir até sua barriga doer? E se seu dia não precisasse de muito mais que um sms para melhorar? E se seu estomago se enchesse de borboletas descontroladas? E se ao observá-lo dormindo sua única vontade fosse proporcionar a paz que ele parecesse viver naquele momento? E se a mesma voz ecoasse em sua mente, sempre que o mundo parecesse calar? E se você soubesse pra qual número ligar para aliviar a solidão?
E se essa pessoa estivesse a três passos, você a deixaria partir?

Out

Você passa tempo demais longe, mas quando está aqui meu coração fica na tua mão, como massa de modelar.
É crueldade ir e vir.
Vir e ir.
Desaparecer.
Vir.
Tento me impor, dizer que não é assim que deve se tratar o coração de uma dama.
Como se adiantasse.
Basta tu olhar bem fundo em meus olhos e me abraçar que eu perco o ar.

Um… Inspira… Dois… Solta devagar… Três… Inspira…

- Prometo que ficarei mais tempo.
- Não prometa.
- Mas…
- Se agora formos só tu e eu, deixa pra pensar no tempo depois.

[ http://julianarita.tumblr.com - 2months ago]

Num jardim cheio de luz

Foi mais uma tarde clara que ela passou deitada naquele enorme gramado verde, onde os dois costumavam se refugiar.
Sentia as borboletas se alvoroçarem no estômago a cada cena que relembrava e assistia, de olhos fechados, como num filme em sua mente.

Olhos verdes e castanhos se encontraram. Os verdes chorosos, se queixando que sua vida mais parecia um filme coreano de quinta categoria, enquanto os castanhos se divertiam, ao tocar sua bocheca com a ponta do nariz e sussurar que se ela quisesse entrar no clima, eles poderiam fugir para alguma das Coréias.

- Você fica uma gracinha de cara amarrada - disse ela em tom de provocação, com as mãos para trás.
Ele esboçou um sorriso e sentou:
- Tu acha engraçado, não é?
Ela chegou bem perto do seu rosto com as doze flores-de-vento que trazia escondidas às costas.
- Acho! - soprou as flores, fazendo se emaranharem no cabelo e nas roupas dele, antes de sair correndo.
O garoto levantou num salto e a alcançou, como sempre. No fim da tarde estavam os dois, feito crianças rolando na grama.

Abriu os olhos e fitou o céu. Gostava de contemplá-lo quando estava assim, azul e limpo; era a imagem que ela guardava dele, imenso e puro, causador de sorrisos a quem quer que se aproximasse.