sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

QUIZÁS

Estava apressada descendo as escadas quando nos esbarramos pela primeira vez. Trocamos meia dúzia de palavras e meu olhar se encheu de luz.
O primeiro beijo, eu ganhei ao meio-dia. O sentimento explodiu, era amor (talvez o único verdadeiro até então).
Além de romance, eu tive um amigo, tive um irmão; eu podia voltar a ser criança, descer do salto, correr na chuva, caçar figuras nas nuvens, deitada na grama, num dia de céu azul.
Cada momento juntos me satisfazia e tornava a vida mais feliz. O sentimento só fazia crescer, tínhamos um futuro em mente. E assim foi, dia após dia.
Notei que não estava preparada para acompanhar o ritmo acelerado que o nosso destino (NOSSO! não apenas meu) estava tomando, era o futuro que eu queria, mas me foi proporcionado na hora errada; senti o fim se aproximar e isso me entristecia.
Tive medo de tê-lo magoado demasiadamente, quando o desejo era apenas vê-lo feliz.
Hoje nossos destinos caminham em linhas paralelas; talvez um dia, quilômetros adiante, vejamos surgir uma curva, um atalho, um desvio, que os leve a se encontrar novamente. Só talvez.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

20 de outubro de 2009



É tarde de terça-feira, estou sentada no sofá da sala com meu exemplar de “1984” e cada gota de chuva na vidraça traz à memória o cheiro de grama molhada no quintal da minha avó nas tardes de primavera, 15 anos atrás.
Lembro-me do êxtase espelhado em meus olhos ao ver sol e arco-íris dividindo o céu ao fim da chuva.
Perco o fio do pensamento ao lembrar de nós.
Você costumava ser meu pedacinho de sol, que após uma tempestade desconcertante surgiu e deu forças para me reerguer.
Repentinamente, sem que eu notasse, se escondeu atrás de uma nuvem escura se unindo a este novo temporal, espalhando tudo que havia sido restaurado e deixando uma devastação ainda maior.
Me desesperei e pensei que tudo estava perdido; até que encontrei minha antiga ansiedade ao lembrar que, assim como no fim das chuvas no quintal de minha avó, um novo arco-íris surgirá.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Metamorfose

Nada permanece intacto, idéias, pensamentos, atitudes, tudo é moldado e mudado com o tempo, com novas experiências, novos conceitos.
O discurso que me fez bem horas atrás, não me serve mais. Aquele beijo roubado no parque na tarde de primavera, não tem o mesmo sabor. Hoje me parece tão tolo o blefe para esconder meu sorriso de satisfação dias atrás.
A vida é feita de mudanças, adaptações. Algumas doem mais, berram dentro de nós. Outras passam despercebidas e plaft! Quando você cai em si está feito.
O que nos resta é escolher o que vale a pena ser guardado, mas deixar as opções livres para ir e vir. Assim elas também podem te fazer escolhido em meio a tantas outras histórias, pessoas e emoções.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

One year, Two stories

Um ano passou desde que as contas foram acertadas
Um ano passou desde o primeiro contato
A amizade foi reatada (remendam-se diamantes?)
Uma nova amizade estava ali.
Parecia forte, parecia completo
Foi tudo sendo adubado, e cresceu além do esperado
Um olhar compreensivo, uma bronca, um abraço, sempre na hora certa.
Um olhar compreensivo, uma bronca, um abraço, sempre na hora certa.
Confusão, falta de diálogo, perda
Uma mão segura, a qual eu soube que podia me agarrar sem medo
Perda, dor, vazio
Envolvimento, carinho
Vazio, nada, nada
Carinho que cresce se transforma em amor
Nada, nada, nada
Parceria, cumplicidade, a voz que eu ouvi sem contestar
Nada, vazio, falta
Explosão de sentimento, emoção, sem razão
Fim do orgulho
Momento de uma decisão ser tomada
Reconciliação (remendam-se diamantes?)
Pra cada escolha uma consequência
Creio que diamantes não possam ser remendados
Dor, dor, dor, vazio, falta
Um ano passou, algo mudou?
Um ano passou, algo mudou?

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Tudo-todo-nada

Havia uma tela azul cheia
Havia pontos laranja implorando atenção
Havia uma caixa de e-mail lotada
Havia um pseudônimo conhecido através de 140 caracteres
Havia status
Havia também a necessidade de um toque, uma porta que não se abria, um telefone que não tocava
Havia uma vida vazia.